Numa época em que eu estava de saco cheio dos indies rock new wave e da nova MPB chatinha e sem novidades, fui apresentado ao electro vacilón do Bomba Estéreo. A banda me abriu as portas pra outros ritmos latinos e caribenhos, pros quais eu não dava a devida importância. Santa ignorância, a minha.
Eles são colombianos e contam histórias do subúrbio de Bogotá, conflitos, amenidades e amores calientes numa levada de cumbia – a música popular da Colômbia e de boa parte da América Latina, incluso o norte do Brasil. A novidade é a mistura com batidas eletrônicas, rock e o vocal falado, e por vezes agressivo, do rap. O resultado é uma revolução pros ouvidos, que no ano passado ganhou a atenção do mundo todo. Liliana, Simón, Kike e Julián circularam pela Europa, Estados Unidos e chegaram a cair por aqui em um show em São Paulo e outro no SWU de Itu.
Depois do contato com a cumbia do quarteto bogotano, comecei a caminhar entre os clássicos Violeta Parra (“folk” poético chileno) e Compay Segundo (Buena Vista Social Club/salsa cubana), passando pelos atuais negros cumbieros do Damas Grátis, que movem multidões na Argentina.
Do México, conheci o corrido que, além de uma sanfona que soa como Zé Rico e Milionário, tem um primo criminoso de sucesso: o narcocorrido. Esta é a música que embala os traficantes de drogas da fronteira com os Estados Unidos e deixa no chinelo o conflito entre os rappers americanos. Nas brigas entre o crime organizado local, a cabeça de um cantador mexicano sempre acaba numa estaca.