Hoje eu estou escrevendo com o coração mais leve. O coração com menos rancor do que o de costume. Ontem foi show do Morrissey, então talvez essa coluna não esteja tão ácida quanto de hábito. O tema hoje é uma coisa que tem sido muito feita e que tem me irritado em igual proporção: reciclagem.
O papo de que o designer tem de se organizar pra reciclar é uma das coisas mais relevantes atualmente e isso é superbacana. Ou pelo menos seria, caso funcionasse. A questão é que o papel que laminado, cheio de acabamentos e encharcado de tinta não pode ser reciclado. Isso é a mesma coisa que “sujar” o papel. Ele não funciona para tal propósito depois.
E tem toda essa corrente do design falando de reciclagem sem botar isso na cabeça da juventude. O que a gente tem de fazer é usar menos material, gastar menos dinheiro, ser menos hipócrita.
Vocês que veneram a Apple deviam se inspirar na embalagem do iPod shuffle, ou mesmo do iPhone. Elas são mínimas. Mínimo uso de material, mínimo uso de tranqueira não reciclável. E por isso a apple é vista por aí como uma empresa sustentável. Seu design tem de servir para vender o produto, não pra se tornar um produto independente. Lembre-se: sua embalagem vai pro lixo, não pra coleçãozinha macabra de embalagens de arroz de alguma tia solitária.
Sam Jovana é viciada em Alan Rickman, 30 Rock e cerveja gelada. Nas horas vagas brinca de designer, faz ilustrações pra Libretto e assina a coluna Não é tendência no nosso blog. =)